quarta-feira, outubro 20, 2010

A Borboleta

Cristina nasceu com tanta dor no peito
Que seu primeiro suspiro foi eleito
Por sua alma como um hino de trsiteza
A Deus e seus Anjos a seus Arcanjos e à sua Beleza

Mas correu no tempo depressa feito o vento
Em harmoniosa dicotomia para seu intento
Transbordou-se naquilo que flamejava sua certeza
Intuiu do fundo do seu espírito sua fraqueza

Pois passou a amar tudo que na terra floria
De vida e de alegria para, compensar sua fria
Intuição de que seu tempo corria a par
Do firmamento de seu arfar para seu voar

Todas as noites inflamava-se para beijar e abraçar
A Avó; sua Mãe mais seu Pai e a Irmãzinha mimar
Com sua doçura, sua vida que esvaía em paz
E uma noite dormiu, como para nunca acordar, aqui, jamais!

sábado, maio 08, 2010

Impermanência

Eu, que já fui pedra, já fui elo
Já fui mar e já fui cera
Conto com o ar talvez a madeira
Mas já fui também tempo e zelo

Em alguma manhã já fui selo
Já fui choro de cera de carta que cheira
Essas mesmas sem eira e nem beira
Vastidão do vazio silêncio a cantá-lo

Um dia desses fui matreiro
Despi-me todo, quase por inteiro
E o vento, sabe-se bem passageiro

Levou-me tudo menos meu cheiro
E ali, no momento certeiro
Levantou-se perfume; era eu canteiro


Felipe Martins De Áries

-Janeiro de 2010, Paranapanema-SP

segunda-feira, abril 05, 2010

Espiar

...

"Se o pensamento de meu desejo

Pudesse ultrapassar o horizonte,
Iria eu em alma, beijar-te a fronte.
Em caricias apaixonadas
Deslizaria tua face
Com mãos enfeitiçadas
Meu espírito, ao teu espírito abraçaria
Que lúbrico, arrebata-me de paixão!
Sobre o teu corpo encantado derramaria...
Banhar-te-ia de amor, em uma onírica oração!"



Felipe Martins DeÁries

sexta-feira, janeiro 22, 2010

O Vento que Abre-se das Esferas do Espiritual

A criança pálida brincava
Suspensa no ar,
Como um balanço petrificado no tempo,
Seus movimentos, tênues, e prontificados,
Renasciam a um verso tão simples
Como o nascer da larva sobre a imobilidade.
Sem dizer uma palavra,
Contava-me que era a valsa dos ventos!
Uma inspiração das estações que contem os anos!
Mas para ela, balançando, tudo criava-se voando,
Um ciclo perpétuo de intensas vacuidades.
Seu sangue escorria, como uma nascente d'água
Sua cabeça, ao lado esquerdo lisa e em carne viva,
Deleitava seus sentidos com o soar das gotas caindo.
Ela piscava... tão devagar...
E a cada gota que descia por seu crânio imaculado
Nascia um anjo, todo feito de cismas do passado.


Felipe Martins De'Áries

-sábado, 02 de janeiro de 2010