sexta-feira, maio 29, 2015

Voz Sem Nome


Com laços de Amor
Teço o tecido da Vida
Da alma florida
Além de todo temor

Assim eu impregno
O ar e o ambiente
Sempre contente
Em paz e sereno

Sou Aquilo que vibra
Que não tem nome
Não tem forma

A pairar sem norma
Sem limite - Vislumbra!
A Vida que sacia sua fome

quarta-feira, janeiro 22, 2014

Vital


A vida me deixou assim solto
como fruto a maturar certeiro.
Me deu vestes, água, me levou a frente e da mágoa
ergueu o riso a ventar sobre meu canteiro.
E me descobri frágil, passageiro,
A bradar num verso forte
todo o lamento e a glória que entorpecem
O salto do coveiro,
aquele bailarino que na calada da noite,
ao invés de acabar-se rígido na morte
Enterrou tormentos e derradeiro
viu-se como as flores que crescem em silêncio:
pétala, espinho e amante.

quinta-feira, dezembro 19, 2013

O Abraço de Morpheus


Reveste minha alma mais escura
Sussurra o silêncio em negro manto
Memórias amadas da cor mais pura
O viço das lembranças pinta o pranto

Neste pincel a vida desbota
Sob o óleo murmúrio a tinta
Em traços trágicos a sina composta
A tela onde a morte se pinta

A saudade minha lânguida alma encubra
Nestas pinceladas de sânie a lagrima grita
Vislumbra a triste arte exposta a penumbra
O amor moldura esta minha cripta

domingo, dezembro 01, 2013

Fumaça Tóxica

"O eu é um amigo para o homem cujo eu foi conquistado pelo Eu; mas para aquele que não está de posse de seu Eu, o eu é como um inimigo."¹

Aqui dentro solto em convergências intrincadas
A fumaça ascende ao esquecimento
E vejo formas incompreensíveis no pensamento

Aqui dentro há um ai que canta
Um sopro que gela e uma confusão nefasta
Aos gritos malditos torna-se a lâmina abstrata.

Aqui dentro uns ais dissipados
Uma mente destruída,
Uma alma sem alma num corpo sem vida!


¹Bhagavad Gita, Canto VI.

sexta-feira, novembro 15, 2013

Talvez


Aqui, bem distante, volto a reger.
Esse é um corpo estranho!
Pesado de insano tamanho,
Porém tem um sonho que não pode ver...

Esse triste templo de ambigüidades,
Já gasto, já machucado;
E de tantas almas porto alado,
Perdeu-se da carne e descansa em saudades...

Chorou há uns dias, pobre alma!
Desgostou da vida por tédio a inércia alheia
E na descrença creu-se calculada calma...

Morre a cada pensamento a centelha
Profundamente deprimido, tal como suave,
Agoniza para, com serenidade, partir feito uma ave...

domingo, outubro 13, 2013

Definhar

                                                          (um antigo poema)


Bravo o homem que de amor se embriaga
Pois onírico cultua apenas uma lembrança
Escrita nas folhas um sonho de esperança
A poesia que em suspiros de amor o afaga

Ébrio por tanto sentimento ressonante
Aspira ao alto o romance em raro efeito
Prova da linfa o puro amor perfeito
Imerso na eterna síntese inebriante

Confabula destinos imaginários
Delira em lembranças magníficas
Doloridas em devaneios secundários

Definha em memórias oníricas
Velando de esperança sonhos em langor
Que angustia assola meu peito é tanto amor!