Eu, que já fui pedra, já fui elo
Já fui mar e já fui cera
Conto com o ar talvez a madeira
Mas já fui também tempo e zelo
Em alguma manhã já fui selo
Já fui choro de cera de carta que cheira
Essas mesmas sem eira e nem beira
Vastidão do vazio silêncio a cantá-lo
Um dia desses fui matreiro
Despi-me todo, quase por inteiro
E o vento, sabe-se bem passageiro
Levou-me tudo menos meu cheiro
E ali, no momento certeiro
Levantou-se perfume; era eu canteiro
Felipe Martins De Áries
-Janeiro de 2010, Paranapanema-SP
sábado, maio 08, 2010
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